23 anos de ECA avanços e desafios


23 anos
Parabéns, a todas as crianças e adolescentes e todos que lutam e trabalham em defesa dos direitos de crianças e adolescentes de nosso pais, e em especial os de Açailândia/MA. Sem dúvidas muitas conquistas, mas ainda há muito a se conquistar, pois só na última década enquanto 24 mil crianças brasileiras foram salvas com a redução da mortalidade infantil, 80 mil adolescentes morreram assassinados. O que a gente observa é que nos últimos dez anos, a partir da análise dos indicadores sociais, é que os investimentos na primeira década de vida não se consolidam se não houver novo investimento na segunda década de vida, Esses investimentos têm de ser complementares, consistentes e permanentes para garantir o desenvolvimento das capacidades, habilidades e competências das pessoas, senão vamos salvar crianças para deixá-las morrer na adolescência. A falta de informação e de conhecimento  sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, leva boa parte da população a defender a menoridade penal, como se essa fosse a solução para barrar a violência e a  criminalidade. Nos Estados Unidos, onde mesmo com a aplicação de prisão perpétua e pena de morte, os adolescentes respondem por 11% dos homicídios. No Brasil, essa parcela da população é responsável por 3,8% do total de assassinatos. Defendemos que o enfrentamento à violência deve incluir não somente a provocada por adolescentes, mas principalmente aquela que o vitimiza. No Brasil, os adolescentes são muito mais vítimas de violência do que autores dela. Dados do último Mapa da Violência reforçam essa ideia, ao apontar que de cada três mortos por arma de fogo dois estão na faixa dos 15 a 29 anos. De acordo com a publicação, feita pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, os jovens representam 67,1% das vítimas de armas de fogo no país. Reduzir a maioridade penal é reconhecer a incapacidade do Estado brasileiro em garantir oportunidades e atendimento adequado à juventude, numa espécie de atestado de falência do sistema de proteção social do país. Além disso, especialistas defendem que adolescentes que se envolvem com atos ilícitos, na maioria das vezes, refletem uma realidade de exclusão, desigualdade e omissão do Estado e da família. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) feito em 2012 mostra que 57% dos jovens privados de liberdade não frequentavam a escola antes da internação. A idade média dos internos era 16 anos. Cerca de 8% disseram ser analfabetos. Além disso, 86% pararam de estudar em alguma série no ensino fundamental, indicando grande defasagem escolar uma vez que, pela idade, deveriam cursar o ensino médio. Esses são alguns dos desafios que ainda temos que enfrentar após 23 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Raimundo Rodrigues
Assessor do COMUCAA





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